Capacitismo na Igreja: O que é e como evitar que isso aconteça na sua comunidade de fé
O capacitismo é uma forma de preconceito que marginaliza pessoas com deficiências, seja por meio de atitudes, discursos ou práticas que desconsideram suas capacidades e direitos. Dentro do contexto religioso, esse tipo de discriminação pode se manifestar de forma sutil ou direta, prejudicando a integração plena de indivíduos autistas nas comunidades de fé. Embora igrejas e lideranças religiosas preguem amor, inclusão e acolhimento, muitos mitos e estereótipos persistem, revelando um entendimento limitado sobre o autismo. Este artigo aborda, de maneira aprofundada, os principais mitos que alimentam o capacitismo na igreja, suas consequências para as pessoas autistas e suas famílias, e caminhos para uma prática cristã mais inclusiva.
INCLUSÃO NA IGREJA
Pastor Glauco Ferreira
1/21/20254 min read
O que é Capacitismo e como ele se manifesta na igreja?
Capacitismo é o termo usado para descrever preconceitos ou discriminação contra pessoas com deficiência, baseados na crença de que elas são inferiores ou menos capazes. Na igreja, o capacitismo pode se manifestar em:
Práticas excludentes: Atividades ou eventos não adaptados às necessidades de pessoas autistas.
Linguagem desumanizadora: Termos como “sofredores” ou “pessoas incapazes” ao se referir a indivíduos autistas.
Interpretações equivocadas: Enxergar o autismo como um castigo divino ou algo a ser “curado”.
Falta de formação: Lideranças religiosas e voluntários despreparados para lidar com a diversidade.
Essas atitudes geram barreiras significativas para a participação ativa de pessoas autistas e suas famílias na vida comunitária.
Principais Mitos sobre o Autismo na Comunidade Religiosa
Mito 1: “Autismo é Resultado de Falta de Fé ou Pecado.”
Um dos mitos mais persistentes é a ideia de que o autismo seria uma punição divina ou consequência de falta de fé. Essa crença reflete uma interpretação teológica equivocada e profundamente capacitista. O autismo é uma condição neurobiológica, sem qualquer relação com falhas morais ou espirituais.
Impacto: Essa ideia pode levar famílias a se sentirem culpadas ou isoladas da comunidade de fé.
Caminho para desconstruir: Educar os membros da igreja sobre a ciência do autismo e ressaltar passagens bíblicas que mostram a inclusão como um valor central, como em Mateus 19:14 (“Deixem vir a mim as crianças…”).
Mito 2: “Pessoas Autistas São Incapazes de Compreender a Fé.”
Outro mito comum é que pessoas autistas não podem desenvolver uma relação com Deus ou compreender ensinamentos religiosos. Essa crença desconsidera a diversidade de habilidades de comunicação e cognitivas presentes no espectro autista.
Impacto: Esse preconceito exclui pessoas autistas de momentos importantes, como cultos, discipulados entre outros.
Caminho para desconstruir: Promover abordagens criativas para o ensino da fé, como o uso de recursos visuais ou adaptações sensoriais.
Mito 3: “O Autismo Pode Ser Curado por Oração ou Milagres.”
Muitas igrejas encorajam famílias a buscar a cura para o autismo, tratando a condição como uma enfermidade espiritual. Embora a oração seja uma prática central na vida cristã, é importante compreender que o autismo não é uma doença, mas uma forma de neurodiversidade.
Impacto: Famílias podem se sentir pressionadas ou frustradas por não alcançar uma “cura”.
Caminho para desconstruir: Incentivar a aceitação do autismo como parte da identidade da pessoa, valorizando suas contribuições únicas para a comunidade.
Aqui, cabe uma consideração. Em hipótese alguma esse artigo tem a intenção de desencorajar ou mesmo descredibilizar a fé que as pessoas exercem, e nem é uma afirmação de que não se deva orar pelos autistas. O ponto em questão é que, assim como na Bíblia, nem todas as pessoas com deficiência que passaram pelo caminho de Jesus foram curadas e não se deve oferecer somente oração e desconsiderar tudo o que pode ser feito para promover o acolhimento e a inclusão. No evangelho de João 5, o texto bíblico afirma que uma multidão de enfermos e pessoas com deficiência viviam nos pavilhões juntos ao Tanque de Betesda, todavia, somente um paralítico foi curado no dia que Jesus esteve lá.
Mito 4: “Pessoas Autistas São Antissociais e Não Podem Participar de Grupos.”
Esse mito reduz pessoas autistas a estereótipos e ignora suas capacidades de interação. Enquanto muitas enfrentam desafios sociais, elas também podem desenvolver relações significativas dentro da igreja.
Impacto: Isolamento de pessoas autistas em eventos ou grupos religiosos.
Caminho para desconstruir: Criar ambientes acolhedores e promover dinâmicas que respeitem diferentes formas de interação.
Mito 5: “Famílias de Pessoas Autistas Não Querem Participar Ativamente da Igreja.”
A ideia de que essas famílias preferem ficar afastadas por escolha própria desconsidera as barreiras que elas enfrentam, como ambientes não adaptados ou falta de compreensão da comunidade.
Impacto: Dificulta o engajamento e cria distância entre as famílias e a vida comunitária.
Caminho para desconstruir: Investir em ações proativas para incluir e apoiar essas famílias, como criar espaços sensoriais e oferecer treinamentos para líderes e voluntários.
Superando o Capacitismo na Igreja: Caminhos para a Inclusão
Para combater o capacitismo, é essencial promover uma mudança de mentalidade e prática dentro das comunidades religiosas. Algumas iniciativas incluem:
Educação Continuada: Oferecer workshops e palestras sobre neurodiversidade para lideranças e membros da igreja.
Adaptações Práticas: Garantir que os espaços sejam acessíveis e preparados para atender às necessidades de pessoas autistas.
Criação de Ministérios Inclusivos: Formar equipes especializadas para acolher e apoiar famílias e indivíduos no espectro autista.
Mudança na Linguagem: Usar uma linguagem inclusiva e respeitosa ao falar sobre deficiências.
Ações Proativas: Buscar ativamente o feedback de famílias de pessoas autistas para melhorar as práticas da igreja.
Conclusão
Desconstruir o capacitismo é um passo essencial para tornar a igreja um lugar verdadeiramente acolhedor e inclusivo. Reconhecer e combater os mitos sobre o autismo é parte dessa jornada, permitindo que indivíduos autistas e suas famílias vivenciem plenamente a comunidade de fé. Como cristãos, somos chamados a seguir o exemplo de Jesus, que valorizava cada indivíduo independentemente de suas características ou habilidades. Ao quebrar barreiras e abrir espaço para todos, cumprimos o mandamento de amar ao próximo como a nós mesmos (Marcos 12:31).
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