Como Criar uma Sala de Acolhimento para Pessoas Autistas na Igreja?

Incluir pessoas autistas na vida comunitária da igreja é um passo fundamental para tornar o ambiente cristão mais acessível e acolhedor. No entanto, o acolhimento pleno exige a consideração de suas necessidades sensoriais, já que muitas pessoas autistas apresentam hipersensibilidade ou hipossensibilidade a estímulos. Criar um espaço de acolhimento sensorial na igreja é uma iniciativa poderosa para apoiar pessoas autistas e suas famílias, permitindo que participem dos cultos e atividades sem sobrecarga sensorial. Neste artigo, exploraremos como planejar, montar e gerenciar um espaço sensorial na igreja, incluindo dicas práticas, teóricas e bíblicas para implementar essa ideia de maneira eficaz.

ESTRATÉGIAS SENSORIAIS

Pastor Glauco Ferreira

1/8/20254 min read

O Que é uma Sala de Acolhimento?

Uma sala de acolhimento é um espaço para regulação sensorial dedicado a oferecer um ambiente tranquilo e controlado para pessoas que podem se sentir sobrecarregadas em ambientes sensorialmente intensos. No contexto da igreja, ele pode ser utilizado durante cultos, eventos ou reuniões para ajudar pessoas autistas a regular a percepção aos estímulos sensoriais e encontrar conforto.

Por que é importante?

  • Redução da Sobrecarga Sensorial: Cultos podem ter sons altos, luzes brilhantes e aglomerações. Um espaço sensorial ajuda a pessoa a encontrar alívio nesses momentos.

  • Inclusão: Mostra que a igreja está comprometida em acolher todos os membros da comunidade, respeitando suas necessidades.

  • Apoio às Famílias: Oferece um lugar seguro para que pais de crianças autistas permaneçam envolvidos nas atividades da igreja.

Passo a passo para criar uma Sala de Acolhimento na Igreja

1. Entenda as Necessidades da Comunidade

Antes de iniciar, é essencial compreender as necessidades das pessoas autistas da igreja. Converse com as famílias e indivíduos para saber:

  • Quais são os principais gatilhos sensoriais enfrentados?

  • Que tipos de recursos sensoriais seriam mais úteis?

  • Como eles imaginam um espaço ideal?

Essa etapa garante que o espaço seja projetado com base nas reais necessidades da comunidade.

2. Escolha o Local Ideal

O espaço deve ser:

  • Próximo ao Santuário: Fácil de acessar durante o culto.

  • Tranquilo: Longe de áreas de alto tráfego ou barulho.

  • Seguro: Sem objetos perigosos ou que possam causar acidentes.

Exemplo prático: Um pequeno cômodo ou sala anexa ao templo pode ser transformado na sala de acolhimento.

3. Planeje a Ambiente

O ambiente deve ser pensado para oferecer conforto e modular estímulos sensoriais.

Elementos Essenciais:

  • Iluminação: Luzes suaves, preferencialmente ajustáveis.

  • Som: Redução de ruídos externos e disponibilidade de abafadores com cancelamento de ruído.

  • Cores: Tons neutros e calmantes nas paredes e móveis.

  • Mobiliário: Poltronas confortáveis, pufes ou tapetes macios.

Exemplo bíblico: Jesus convidava as pessoas a descansar n’Ele (Mateus 11:28). Este espaço pode ser uma metáfora para esse descanso.

4. Inclua Recursos Sensoriais

Ofereça itens que atendam tanto à hipersensibilidade quanto à hipossensibilidade:

Para Hipersensibilidade:

  • Abafadores.

  • Óculos escuros.

  • Cobertores pesados (ou coletes ponderados).

  • Luzes calmantes, como lâmpadas de lava.

Para Hipossensibilidade:

  • Brinquedos de manipulação (fidget toys).

  • Bolas de pilates.

  • Almofadas vibratórias.

  • Espaço para movimentos livres.

5. Treine a Equipe de Voluntários

Os voluntários que gerenciam o espaço sensorial devem ser capacitados para entender o TEA (Transtorno do Espectro Autista) e lidar com situações sensoriais.

Pontos importantes no treinamento:

  • Respeitar a individualidade de cada pessoa.

  • Saber identificar sinais de sobrecarga sensorial.

  • Criar um ambiente de acolhimento sem julgamentos.

6. Estabeleça Regras Claras

Defina como o espaço será utilizado para evitar confusões e garantir sua eficácia.

Exemplo de regras:

  • O espaço é destinado a pessoas autistas e suas famílias.

  • O tempo de permanência deve ser suficiente para regular a pessoa, mas sem monopolizar o espaço.

  • O uso do espaço requer supervisão de um voluntário.

Exemplos Práticos de Uso Durante o Culto

1. Durante o Louvor

O momento de louvor pode ser muito barulhento para pessoas com hipersensibilidade auditiva. O espaço sensorial pode ser utilizado para que a pessoa descanse ou escute o louvor com fones de ouvido em volume ajustado.

2. Na Ministração da Palavra

Ofereça fidgets toys para que a pessoa possa se concentrar enquanto ouve a pregação, mesmo dentro do espaço sensorial.

3. Em Eventos ou Conferências

Durante eventos longos, o espaço sensorial pode ser um local para pausas estratégicas, ajudando as pessoas autistas a permanecerem engajadas na programação.

Como Promover o Uso do Espaço Sensorial na Igreja

1. Comunicação Clara

Inclua informações sobre o espaço sensorial nos boletins da igreja, redes sociais e anúncios feitos no púlpito.

2. Envolva a Congregação

Eduque a igreja sobre a importância do espaço sensorial e incentive a comunidade a apoiar essa iniciativa.

3. Faça Parcerias

Converse com terapeutas ocupacionais e especialistas em autismo para obter sugestões sobre como melhorar continuamente o espaço.

Impacto do Espaço Sensorial na Inclusão

Um espaço sensorial não é apenas um recurso; é uma declaração de acolhimento e amor cristão. Ele demonstra que a igreja valoriza cada membro da comunidade, independentemente de suas particularidades.

Exemplo bíblico: Assim como Jesus acolheu as crianças e disse que o Reino dos Céus pertence a elas (Mateus 19:14), a igreja também deve ser um lugar onde todas as crianças — autistas ou não — se sintam amadas e incluídas.

Conclusão

Criar um espaço de acolhimento sensorial na igreja é uma forma prática de refletir o amor de Deus e promover a inclusão de pessoas autistas na comunidade cristã. Esse espaço pode transformar a experiência de culto para essas pessoas, permitindo que elas participem ativamente e cresçam espiritualmente.

Com planejamento, dedicação e o apoio da congregação, sua igreja pode dar um passo significativo em direção a uma inclusão verdadeira e amorosa, reafirmando o compromisso com a valorização de todos como parte do corpo de Cristo.

Se você quer aprender mais sobre isso, participe do Treinamento de Líderes de Inclusão, que vai acontecer nos dias 13 a 15 de janeiro de 2025. É online e gratuito, e para garantir a sua vaga CLIQUE AQUI!